segunda-feira, 24 de abril de 2017

Diário da Jasmim

Já sabem que gosto de história, de a ler, de a viver...mas sobretudo de a escrever.

A vida da Jasmim é a historia mais bonita que algum dia escrevi e quero que a conheça de cor. Que saiba a nossa reação quando soubemos que estava no meu ventre, que conheça as emoções que sentimos quando ouvimos o seu coração pela primeira vez, na ecografia, que tenha um registo de como nasceu, pelas nossas palavras.

Um mês depois de engravidar, fui à Vida Portuguesa à procura de um caderno, simples como nós. Vi o caderno que usavam na Escola, no tempo da minha mãe e peguei nele. Um caderno normal e simples, que saiu daquela estante para se tornar o protagonista de uma história de amor, em que a vida comanda e se multiplica, nos sonhos que, juntos, realizamos.

Depois de nascer, pedi aos avós que lhe escrevessem uma carta para que lesse quando tivesse 7 anos e no aniversário, deixei luas e jasmins recortados para que pudessem partilhar com ela as sortes que lhe desejam.

Não sei quanto gostará de ler este diário, quantas vezes o fará e quando gostará mais de o fazer, mas sei que nada ficará por dizer. Que este diário é a forma de lhe mostrar isso mesmo, que o amor deve ser sentido, demonstrado e dito. Que as palavras foram feitas para serem partilhadas e não para ficarem suspensas à espera de um momento certo que pode nunca chegar ou desaparecer antes mesmo que o tenhamos visto.

É assim que nasceu "Ao pé de Jasmim", um diário paralelo ao de papel, sem o repetir, porque o que tenho para lhe dizer é sempre mais.





Papas à Jasmim

Quando a Jasmim nasceu, decidimos que eu iria amamentá-la até ao máximo que conseguisse e ela quisesse. Sem stress, sem pensar no dia seguinte. Cada dia de amamentação era, para mim, uma vitória. Passados os 6 meses de amamentação exclusiva, o objetivo principal estava cumprido e a partir daí, considero um presente cada dia de amamentação que passa.

Chegados os 6 meses, foi também momento de introduzir a alimentação diversificada. Comigo, já tinha vários livros e pesquisas sobre o Baby-Led-Weaning, que sempre me pareceu o método mais assertivo, no nosso caso, já tinha em minha posse informação suficiente, mas como a prática difere sempre da teoria, acabamos por fazer um misto entre BLW e alimentação tradicional, por ser mais confortável para todos.

No entanto, desde cedo que me recusei a oferecer à Jasmim as papas que encontramos no mercado, por considerá-las mais artificiais, com açúcares adicionados. Fui às compras e fiz um stock de farinhas em casa, primeiro sem glúten e mais tarde com ele -  Milho, Aveia (esta, em flocos, que depois trituro), Trigo, Alfarroba.

As possibilidades são intermináveis - água ou mais tarde, bebida de aveia/arroz como base, farinha, fruta (colocada só no final, antes mesmo de amassar ou triturar, para não perderem as vitaminas), ingredientes naturais para adoçar, como sêmola de milho, tâmaras sem glicose, ameixa preta. Não é segredo que uma alimentação saudável deve ser variada. Assim, ao introduzirmos diferentes farinhas, damos à Jasmim diferentes nutrientes - das fibras presentes na farinha de milho às vitaminas do complexo b, como a aveia. O melhor de tudo: Feitas na hora, sem corantes, nem conservantes!

Quase em simultâneo, introduzimos a Banana, como primeiro sólido, tal e qual como nós a comemos. Mais tarde, quando foi altura de introduzir a carne/peixe na sopa, não o fizemos, demos-lhe a carne e o peixe no prato, além da sopa. Continuamos com o brócolo, inteiro, do tamanho do punho dela, para que fosse, literalmente, roendo!

Em todas as (muito poucas) vezes que se engasgou (conta-se pelos dedos de uma mão e sobram), teve o reflexo gag. Hoje, come com prazer qualquer coisa e adora a hora das refeições, sejam brócolos ou bacalhau, seja uma papa mais doce com banana ou uma mais amarga de alfarroba e kiwi.

Deixo algumas ideias de papas caseiras.


Papa de farinha de Alfarroba e Farinha de Milho 

Farinha de Milho e Farinha de Arroz + Abacate

Flocos de Aveia triturados, maçã, bebida de aveia, tâmaras sem glicose e ameixa seca


Papa de Mirtilos e Banana




domingo, 23 de abril de 2017

Cápsula do Tempo II ( com dicas para pesquisa)

Sempre fui apaixonada pelo passado e história sempre foi a minha disciplina favorita, embora soubesse sempre a pouco. Para mim, a história só fica completa se a agarrar, se a tocar e a sentir.

A história de Inês e Pedro só pode ser compreendida se, em silêncio, me detiver perante a fonte, na Quinta das lágrimas. A presença dos Celtas em S.Paio, só pode ser sentida se tocar o algiz com a minha mão. Só visitando as pinturas rupestres de foz côa, pude imaginar as suas vivências espirituais e materiais, num estado de extrema harmonia que se expressa em arte.

Da mesma maneira, não posso compreender a minha própria história se não conhecer as raízes de onde ramificou. Se não conhecer a árvore da (minha) vida. Continuo afundada nas minhas pesquisas. Desta vez, voltei-me um pouco para o lado da minha mãe. Já fiz avanços e tenho vários nomes e algumas datas até à quinta geração, para mim, e sexta, para a minha filha.

Não escrevo para vos falar sobre as minhas descobertas, mas para partilhar algumas dicas e curiosidades que podem ser úteis para quem, tal como eu, tem uma adição por histórias, boas ou mãs, mas sempre verdadeiras.

1 - Tombo.pt é um site criado por João Ventura para simplificar a pesquisa genealógica. Do lado esquerdo, escolhem o distrito, concelho e freguesia e acedem a todos os arquivos, por data ou faixa de datas e por tema, relativas aquele concelho. Assim, encontrarão diversos registos de batismos, casamento, óbitos. Todos estes registos são apenas até 1911 e remontam, em alguns casos ao séc XVI.

2 - A pesquisa é feita página por página. Do lado esquerdo dos registos, consta o primeiro nome da pessoa a que se refere. Assim, se corresponder, têm que verificar do lado direito o nome dos pais (pois o nome completo não aparece). Na época destes meus avós, não faltavam Joaquins e Joaquinas, mas a pesquisa foi-me facilitada porque a minha mãe sabia exatamente a data de nascimento deles.

3 - Se não tiverem esse dado, a procura não fica impossibilitada por isso. Devem apenas começar pelo primeiro passo: solicitar a certidão de nascimento do vosso pai ou mãe e, a seguir, dos pais deles. Nessa certidão constarão os nomes dos pais dos vossos avós (vossos bisavós) e as suas naturalidades. A partir da naturalidade, sabem que arquivo do tombo.pt procurar e saberão duas probabilidades de ano a pesquisar, que são o ano resultante do cálculo e o anterior.

(Exemplo - suponhamos que a minha mãe nasce em 1946, se a mãe dela tinha 40 anos quando nasceu, nasceu em 1906 ou 1905.

4 - Os registos de batismo eram o próprio batisado, daí que o que encontram no tombo.pt são os antigos registos paroquiais, elaborados de forma diferente dos registos atuais. Nesses, por exemplo, não consta a idade dos pais à data do nascimento dos filhos, mas ficamos a saber as suas profissões, residência e naturalidade. Quanto à pessoa do registo, sabemos quem são os padrinhos de batismo, a data exata de nascimento e, por vezes, a hora, bem como averbamentos como casamento e óbito.

5 - Geralmente, existe uma distância de 25 anos entre gerações, mas contando que existiam vários filhos, pelo menos quanto a Portugal, penso que devemos alargar esse período. Procurei o pai da minha avó por tentativa-erro. Dele sabia apenas a naturalidade e o nome , através da certidão da minha avó. Fiz a procura a partir de 25 anos (pois, tenho a ideia que os homens eram sempre mais velhos que as mulheres - obviamente, não é regra, mas baseei-me nessa repetição na minha família), procurei um Luís do lado esquerdo de todos os livros da freguesia de Galegos, de 1881 para trás e encontrei um Luís no mês de Junho de 1877, filho de Manoel Ferreira e Maria Rosa Coelho ( exatamente os nomes que surgiam como avós paternos da minha avó no seu registo).

Ele tinha portanto 28 anos quando a minha avó nasceu - o que mostra que a teoria dos 25 anos deve ser relativizada!

6 - Fui até Galegos, tentar descobrir alguns dos sítios que já tenho nos meus dados e estava curiosa para poder satisfazer uma curiosidade. Diz nos averbamentos dos registos de batismo dos meus avós que casaram no "Posto de Galegos". Parei num café e num Lar e questionei se sabiam o que era, pois não referiam uma Igreja. Descobri que, nessa altura, existia um senhor com poderes legais para proceder a registos de nascimento, na sua casa e depois transferí-los para o concelho, neste caso, Penafiel, evitando deslocações maiores à população. Como nos averbamentos dos seus nascimentos, consta o n do assento e data do casamento dos meus avós, fui à Loja do Cidadão solicitar uma cópia da certidão do casamento deles. Se estiver assinada por um tal de "Albino Eugénio", confirmo que o tal posto é a casa do senhor.

7 - A última dica, não menos importante, é que não precisam de gastar mundos e fundos à procura de ancestrais. Acima de 100 anos, podem fazê-lo no tombo.pt, como já disse, mas depois de 1911, em qualquer loja do cidadão ou conservatória. Se o fizerem na Loja do Cidadão, podem não ter os arquivos com eles e, nesse caso, solicitam-nos às respetivas freguesias, por email. Para casamentos, convém saber a data e nomes, para nascimento, o nome, filiação e ano de nascimento.
No momento do pedido, devem solicitar CÓPIA NÃO CERTIFICADA/NÃO AUTENTICADA, cujo valor é aproximadamente entre 0,50€ a 3€ (dependendo das páginas e antiguidade), já que pretendem os documentos para fins de genealogia e não para efeitos legais.

Jasmim, no Lugar de Currais - Galegos - Penafiel - local de nascimento da minha avó materna, bisavó materna dela

Avó Joaquina e Avô Joaquim - Casaram a 15 de Julho de 1928 e tiveram 6 filhos. A última, a minha Mãe.

O meu caderno já não tem espaço! 







quinta-feira, 20 de abril de 2017

Novas Domésticas II - Lara, Le Love

A Lara é a minha nova doméstica mais sofisticada. A que menos se esqueceu de si, mas que em nenhum momento se esqueceu da filha para isso.

Ela é o selo branco que carimba a possibilidade de podermos ser mães e mulheres em simultâneo e a importância redobrada de o sermos, por sermos mães de meninas.

As mulheres que ficam em casa hoje são diferentes das donas de casa de avental, que esperavam religiosamente os maridos, om o prato de comida pontualmente colocado no lugar do chefe de familia. Mas continuam a ser mulheres que acordam às vezes com olheiras e se deitam cansadas à noite.

Algumas criaram os próprios empregos, outras, fizeram da educação dos filhos profissão, mas a maioria das domésticas new age são, acima da ocupação, mulheres que reinventaram o papel feminino. Mulheres que juntam o melhor de dois mundos.

Colam a maior disponibilidade de tempo das donas de casa ao conceito moderno de empreendedorismo, o hábito de abrir a janela do quarto de um bebé e fazê-lo respirar o ar do campo às deslocações para um passeio citadino.

Trazem o trabalho para casa e levam a casa para o trabalho. Têm na mesma mesa café, tesouras e chupetas. São descontraídas com a imagem ou maquilham-se todos os dias, mas têm em comum a coragem de fazer diferente.

Largam empregos e arriscam ser felizes, ter mais tempo com os filhos. Não são irresponsáveis nem têm certezas , mas são mães e querem que as filhas as lembrem para além da hora do jantar.

A Lara é a mãe que educa a filha, mas é também a mulher que constrói uma mulher do futuro e o faz com a única coisa que atesta o que somos: o exemplo.

Na sua decisão de nova rural, que sublinha a cada dia de vida da Camila, mostra-lhe que a coragem de perseguirmos aquilo em que acreditamos é maior do que o que está moralmente ou socialmente instituído.

Que o que levamos deste mundo não são os cargos nem as carreiras, mas os segundos de riso e de baloiços, que trabalhamos para viver e não o contrário, que sermos mulheres em casa não nos faz submissas, mas mais autónomas na procura do que nos faz verdadeiramente inteiras.

Deu a vida à Camila e no seu exemplo, dá-lhe o melhor segredo para a desfrutar: Liberdade.




Os Projetos da Lara:

https://www.facebook.com/lelove.relove/

https://www.facebook.com/wendycreatingmoments/


terça-feira, 18 de abril de 2017

Cápsula do Tempo

Há muito tempo que eu e o primo Pedro temos esta vontade de encontrar a cápsula do tempo. Não qualquer tempo, mas o tempo que realmente nos antecede, o tempo em que aconteceu o momento certo, no lugar certo, para que hoje, no nosso tempo, sejámos primos um do outro. Para que neste tempo, a minha filha exista porque noutros tempos, eles existiram.

Encontrei os arquivos da Torre do Tombo, disponíveis digitalmente desde há 4 anos e bastou uma mensagem para que juntos, voltássemos a procurar, determinados, a história que nos escreveu.

Num dia só, o Pedro (que é meu primo paterno)  encontrou a data de casamento dos nossos trisavós no Familysearch e a partir daí chegamos a uns dos nossos quintavós, pelos registos do arquivo distrital que guardam todos os livros com mais de cem anos. Tudo sem sair da cadeira.

O caminho continua...falta-nos desnudar o lado direito da árvore e, para o lado esquerdo, uma lente de aumento para descodificar estes verdadeiros manuscritos do passado, escritos num português, ele próprio quintavô do acordo ortográfico.

Estamos em 1809, com a Maria Rita Villa Lobos, na Horta - Faial. A mulher que atravessou o atlântico para dar à luz o Carlos, em Lisboa, cujo neto nasceria em Manaus, no Brasil, antes de ser pai da nossa linda e portuense Avó Marilia.

Um brinde aos Villa Lobos, aos Machados e aos Dantas que plantaram a nossa árvore da vida.

Eu, por enquanto, deixo-vos para viajar até Penafiel, pois se as minhas ramificações maternas não existissem também, outras flores brotariam, com certeza, mas não viriam da Maribelle, nem seriam de Jasmim.

Foto da nossa avó Marília com os cinco filhos, incluido o meu pai e o do Pedro, para enviarem ao Fernando, que estava em França.

registo de casamento encontrado no tombo

Horta - Faial , naturalidade da nossa quintavó

Igreja de São Martinho, situada em Cedofeita, lugar onde a maioria da nossa familia passou. Para nascer, viver, casar ou morrer.

Manaus - Amazonas. Nascimento do nosso bisavô e local onde é muito mais difícil conseguir registos. 


domingo, 16 de abril de 2017

À Dimanche, Mamie.

No outro dia, disse-vos que guardei a roupa de inverno e tirei a de verão. Uma tarefa fácil, pelo menos quando comparada a arrumar outros armários. Vasculhei a minha caixa das recordações e desde esse dia que ando a (re)organizar as emoções.

Não conheci os meus avós maternos, o meu pai, ele próprio, não se lembra do pai dele e restava-nos a sua mãe, a quem não conheci os encantos, apesar de lhe conhecer o rosto e o sorriso, porque ficaram perdidos numa história que não me conseguia contar, deitada anos a fio na sua cama, sem se mexer.

O que eu não sabia, quando estava na barriga da minha mãe, é que os meus pais tinham ganho uma mãe adotiva e eu, por consequência, uma avó. A Mamie estava lá, nos meus primeiros batimentos cardíacos, à espera que, também eu, a adotasse como avó. Não precisámos de analisar critérios e condições, os amores à primeira vista acontecem sem rasto de demora.

O amor supera a condição genética e as nossas vivências tornam-se o nosso verdadeiro ADN. São elas que definem o que somos e, da Mamie, herdei muitas coisas. Gosto de aproveitar a vida, de meter o pé na estrada e provar sítios diferentes, de letras, para as ler ou para as escrever, sejam em português ou em francês.

Gosto tanto dos sabonetes que me oferecia que agora faço os meus, enquanto me lembro dos cheiros que provávamos juntas nas férias na Côte d'Azur. A lavanda, as amêijoas no Catamaran, enquanto ela se deliciava com um Rosé, quase tanto como quando visitava o Porto. Como uma avó verdadeira, não teve coragem de me deixar no infantário a primeira vez e voltei com ela para casa. Também foi ela que me foi comprar uma chupeta nova, depois de eu ter deitado a minha ao lixo e me ter arrependido cinco segundos depois. Era ela que do alto do 16º andar, aquele 16º andar que não esqueço, me acenava para desejar um bom dia, quando o meu pai me levava pela mão à escola primária e foi ela que, a par de me escrever duas vezes por semana, nunca deixou de me ligar todos os domingos de manhã, desde que vim para Portugal, com 8 anos.

Vi-a em dois mil e nove e em 2010 pediu-me que lá voltasse. Voltei, de facto. Fui de carro com tal pressa que apanhei uma multa de velocidade, depois de, preocupada por não receber os telefonemas do domingo há 15 dias, finalmente conseguir saber que estava no Hospital. Tinha caído inconsciente em casa, sozinha e estava no hospital há 10 dias. Na última carta, dizia que contava comigo este verão. se ainda não estivesse morta.

Depois da recomendação da enfermeira para entrar com cuidado, pois estaria diferente, enchi-me de coragem e entrei tão rápido como saí. Falei com a médica que me disse que ela estava consciente, mas não sabia dizer em que estado de consciência, já que não falava, nem mexia. Que o pior aconteceria, só não sabiam se duraria um dia ou um mês.

Voltei a entrar. Sem a encarar, olhei para a janela até me lembrar que se falarmos ao coração das pessoas, elas ouvem, mesmo que não consigam falar connosco e fui ter com ela, pedi-lhe que me perdoasse, por não ter vindo antes, por, naquele verão, não termos cantado "só mais uma" música engraçada antes de dormir. Por não termos rido à gargalhada ao concluir que não conseguimos deixar de cantar o reportório musical inteiro. Por não termos conseguido parar de rir disso e ir dormir.

Era final da manhã. Dei-lhe a mão enquanto lhe disse que a amava. Ela abriu os olhos, olhou-me fixamente e deixou cair uma lágrima. Os mesmos olhos que fechou naquela noite, dia 9 do 9. Estava mesmo a contar comigo, antes que o verão terminasse e antes que morresse. Esperou por mim e ainda que tenha sido no final do verão, ainda que tenha sido ao lado daquela cama de hospital, contou comigo.

Elisabeth Kubler-Ross definiu 5 fases do luto. Era uma Psiquiatra Suiça e chamou à última fase "aceitação". Se fosse Portuguesa, ter-lhe-ia chamado "Saudade".
















quinta-feira, 13 de abril de 2017

Jardim no Paraíso Plantado

Com o novo túnel do Marão, os 150 km que nos separam deste paraíso já não nos fazem pensar duas vezes antes de decidir passar um dia na Paisagem Protegida do Nordeste Transmontano.

Todos querem entrar no Paraíso e na Albufeira do Azibo todos conseguem entrar. O fácil acesso para todos (e quando  digo todos, incluo pessoas de mobilidade reduzida, carrinhos de bebé, idosos), preenche logo o primeiro critério para entrar no nosso Top destinos para familias numerosas e sempre cheias de tralhas.

Com um extenso tapete de relva e uma profundidade de campo que sublinha a horizontalidade, o Azibo preenche todos os ângulos do olhar com a sua sossegada paisagem.

Estender a toalha e apanhar sol, enquanto se olha as crianças a brincarem na areia, colocar livremente a bebé a tentar dar os primeiros passos em espaço sem perigos,
são exemplos do que o Azibo permite. Dir-me-ão que não há nisso nada de especial e dir-vos-ei eu o que o distingue:

"Uma praia com mais bandeiras azuis de toda a Europa e a outra, uma das Sete Maravilhas, Praias de Portugal", percursos sinalizados para os amantes da caminhada ao ar livre ou da bicicleta. Espécies Protegidas, casa de banho de apoio e um café para aquecer a comida do bebé ou oferecer um gelado às crianças que já disfrutam desse pecado capital...

Água sem ondas para quem não sabe nadar e zonas para saltar para os mais destemidos. Sol para ativar a melanina e sombras para a sesta dos mais novos com os avós.

Lugar de sobra para fazer piquenique ao pequeno-almoço, ao almoço e ao lanche...sim, porque se for só por um dia, que o seja inteiro...Como tudo na vida.










quarta-feira, 12 de abril de 2017

domingo, 9 de abril de 2017

Dia das Madrinhas

Dizem que é hoje.

Há muitas mulheres importantes e inspiradoras na minha vida. Mas há também mulheres entre as mulheres, as que nos são intrínsecas, as que têm sempre a sua marca ferrada nas nossas artérias, independentemente de as vermos todos os dias ou uma vez ao mês. São as mesmas que ousam desculpar-se pela falta de tempo quando, se as chamares com urgência, param o tempo todo para te acudir.

São as que escolhes para madrinha da tua filha.

São Cláudias, mas não qualquer Claudia. É a minha Cláudia e todos os outros dias são dela também.
   
 



sábado, 8 de abril de 2017

Lagartos

Dia de guardar o inverno no armário.
Adoro vestir a Primavera.
O armário e o corpo ficam mais leves.
Podemos enfim ser lagartos felizes!


sexta-feira, 7 de abril de 2017

Arquétipos

Já disse aqui que sou madrasta e sei que a palavra soa mal a muita gente. Confesso que, não é das palavras que mais gosto, nem eles me tratam usando-a, mas vou continuar a dizê-la e hoje explico-vos porquê.

Há algum tempo, fiz um workshop sobre os "contos de fadas como meio psicoterapêutico" e se é verdade que os contos de fadas são um best-seller da primeira infância, também o é que ficam arquivados na nossa memória para lá do que possamos imaginar. Talvez por isso, umas mais e outras menos, procuremos algum dia o nosso príncipe encantado, que é sempre perfeito, e olhemos de lado para as madrastas, que são sempre más.

Os arquétipos são uma primeira imagem, uma sensação sobre algo ou alguém, que sobrevive aos tempos, numa espécie de arcaboiço coletivo. Os contos de fadas são uma fantasia, uma narrativa onde não existem tons além do preto e do branco, ou se é princesa ou bruxa, ou se é bom ou mau. Ou se é a Madrasta, ou se é a Mãe Boa.

Aqui entra o arquétipo  da Madrasta / Bruxa má. Nos contos de fada, a princesa é injustiçada, maltratada, invejada. A tragédia é uma necessidade para que possa haver história e heroína. Como sabem, quase sempre a Madrasta aparece em substituição da Mãe Boa que morre, pois não poderíamos admitir que uma mãe maltratasse ou até invejasse secretamente a beleza da filha. Aqui começa a primeira charada. A Mãe Boa morre realmente, mas não fisicamente. O que morre é a fantasia que a filha tem da mãe perfeita, imaculada, sem sentimentos negativos.

A madrasta não é só madrasta, mas também é mãe, a(s) sombra(s) que todas temos, o lado noturno da maternidade, que às vezes tem nuances de cíume da própria filha, ou apenas de cansaço por não se priorizar. Mas a madrasta simboliza mais que isso. Ela desliga o cordão umbilical, faz sobressair a heroína, dá desgosto à enteada e faz a filha sentir o sabor da amargura, para que, num acto de coragem, ela se autonomize e crie a sua história com coragem e independência. Para que encontre o amor, fora da sua mãe, no príncipe encantado. Fá-la perceber que a sombra e o mal existem, com exagero, para que não haja margem para dúvida.

Sou a mãe boa e  a madrasta má e quero que as princesas cá de casa saibam que há luz e sombra e que nós somos feitas das duas. Quero que sejam independentes, que encontrem um príncipe que também é sapo, que saibam que ele também chora e baixa a espada e não é menos corajoso por isso, se verdadeiramente as amar. Não vou ter que as abandonar ou maltratar para que saibam o que é amrgura, mas não vou contar-lhes a história da cinderela ou da bela adormecida como a ouvi, porque não quero que passem 100 anos das suas adolescências a dormir.

Sou a mãe má e a madrasta boa, vou dar-lhes a ler "mulheres que correm com os lobos", explicar-lhes que no Barba Azul a mulher se salva por ser curiosa e não o contrário. Que às vezes temos que desenterrar os ossos para polir esculturas novas de nós mesmas. Ensiná-las que podem ser mães, madrastas, bruxas e princesas no mesmo coração, que trazemos sempre connosco a virgem, a mãe, a anciã e as três fases da lua.

Que temos que desconstruir os arquétipos e dar-lhes uma nova vida, quais ceifeiras que sabem colocar as coisas no seu lugar, o do bem, o do mal e aquele onde estamos, que mistura os dois.




quarta-feira, 5 de abril de 2017

Antes do pequeno-almoço

Hoje acordei com vontade de estar noutro lugar. Por os óculos redondos e ver la vie en rose.
Só preciso dos óculos e de acordar nos anos 60, nos estados unidos.
Acordar, colher flores e colocá-las na cabeça, sentir o sol na cara e os pés descalços e ter amor a correr por todas as veias.
Pensar, abrir as portas da percepção, "acordar, sacudir sonhos do cabelo" e ouvir o Jim dizê-lo ao vivo.
Pensar, abrir a mente e ver à minha volta gente preocupada com a Paz e o Amor.
"Imaginar" um mundo sem guerra e pedi-lo num poema gritado.
Mesmo com drogas, pensavam com a sua própria cabeça. Agora, mesmo sem elas, são pássaros em bando, que nem livres estão da própria ignorância.
Não quero estar presa na gaiola, não quero ouvir estes pássaros que se transformaram em abutres e se regozijam com sangue de crias, ou pior do que isso, a ignoram, extinguindo a compaixão e o amor do nosso novo milénio.
Progredimos?! Quero então dormir de novo e regredir, acordar no meu sonho impossível antes do pequeno-almoço.








terça-feira, 4 de abril de 2017

"Amor em estado líquido"

Hoje, trago o que significa para mim amamentar.
Hoje, não escrevo, porque acho que a imagem fala por mim. Por nós. Nós as duas, nós os três.


segunda-feira, 3 de abril de 2017

As caixas dos aromas

"Les boîtes à odeurs" era o meu jogo favorito em criança. Talvez por isso ainda saiba quais são os cheiros das casas das minhas avós e da minha tia e o perfume próprio de algumas pessoas. Consigo fechar os olhos e sentir a Provence das minhas férias de infância, como a Esteva do Algarve do ano que passou.

A mesma criança a quem a Mamie oferecia tantos sabonetes, que se torna irónico que não tenha experimentado os meus.

Talvez as "caixas dos aromas" e as ofertas da "vovó" fossem um presságio da essência que iria marcar a minha vida. A essência de cuidar, de criar, que afinal não se prolongou no serviço social e que resgato todos os dias neste projeto em contínua construção.

Nem sempre foi assim, nem sempre aceitei que assim fosse e nem sempre vi que o que este trabalho me dá é muito mais que trabalhar. Quase desisti, várias vezes, mas a Mamie, de onde está, não deve ter gostado e como é do signo Virgem como o meu marido, desisti eu de lhes contrariar os presságios. Parece que eles, além de perfeccionistas e teimosos (desculpem, persistentes) são realmente visionários.

A "Amaciar-te" também é um bebé nosso. Faz agora 4 anos, já anda, já tem amigos e já vai desvendando a sua personalidade. Como todas as crianças, vai absorvendo o nosso exemplo e é fruto da dedicação que lhe pusermos. Está a formar-se e a crescer ao ritmo que lhe é próprio. Lentamente, como uma caixinha de surpresas, desvenda desafios e traz novidade e aprendizagem.

A Amaciar-te fez nos conhecer gente gira, que é também boa gente. Gente criativa, inspiradora com vidas interessantes e diferentes. Gente que desafia os limites e vem para a rua mostrar o que sabe fazer. Gente que se encontra e partilha não só trabalho mas a história da sua vida.

A Amaciar-te dá-me o tempo que preciso para estar com a minha filha mais que duas horas por dia e fazê-lo em pleno, podendo ficar só a olhar para ela enquanto descobre o cheiro da laranja e me faz lembrar quando eu era pequena e jogava o tal jogo!

sabonetes amaciar-te - facebook
Boite des Odeurs - ao pesquisar sobre o jogo, descobri que é de inspiração montessori - o que faz encaixar ainda mais as peças do puzzle do Universo.

Manteiga de Karite e Cacau // Rosas

Lavanda. Cravo da Índia e Patchouli

A nossa embalagem em cortiça , fio de linho e coração de lacre // sabonete de côco e aveia // sabonete de café e argila verde

A Amaciar-te na Rua - Mercados Urbanos

Kit Barba - Óleo e Cera para a Barba 100% naturais + sabonete de óleos essenciais.