Estou um bocadinho cansada de re-nha-nhas e por isso hoje apetece-me falar-te do lado A, o que faz tudo merecer a pena!
É verdade que já não vou ao cinema há tanto tempo quanto não durmo mais de 5 horas seguidas por noite, vai fazer 1 ano, se bem que dormir já não era fácil no final da gravidez, mas descobri o que é a tal coisa da "atenção plena" e como apreciar o momento, as pequenas coisas que me tinha esquecido de ver com olhos de quem descobre tudo pela primeira vez. Os bebés são melhor que qualquer enciclopédia de mindfulness. Numa hora, dão-te a formação prática.
Pensar em mim e ter vida própria são dois conceitos que me têm feito pensar: Quando pensei ter uma filha, quis trazer a minha e a nossa continuidade...Não é o que todos fazemos? Ela faz parte e preenche o meu projeto de vida e quando fiz o esboço desse projeto, desenhei amor e a uma família, sem saber que iria receber e construir algo definitivamente melhor do que pude imaginar.
Portanto, a minha vida sou eu e são eles e quando penso neles, estou a pensar em mim e solidifico-me no que gosto de ser e fazer: cuidar, amar, criar. Preencho-me enquanto Mulher, fico mais próxima do entendimento de todas as coisas, porque ser mãe também é desvendar mistérios e compreender melhor a nossa e as outras mães, além de nos conhecermos melhor a nós próprias.
É ganhar paciência, é ter mais cuidado connosco porque temos alguém com quem temos de ter cuidado, é aumentar "know-how" e "skills", perceber com quem podes realmente contar, aprender a pedir ajuda e a delegar sem culpas, perceber que não podes, nem deves controlar tudo, que também é preciso deixar fluir e aceitar e que quando aceitas, sem expetativas, recebes surpresas inesquecíveis, como a sensação de seres uma Deusa aos olhos de alguém.
É isto e muito mais que gostaria de dizer, mas que não posso, porque está alguém a chamar por mim e eu vou responder, todo o prazer!
