terça-feira, 18 de julho de 2017

Uma questão de ADN

Acordar às quatro da manhã para fazer a viagem pela fresquinha, gate, check-in, 1700 quilómetros dentro de um carro com um ano de idade, 1700 quilómetros dentro de um avião sozinha, com 6 anos de idade, apenas acompanhada da hospedeira...O café literalmente às moscas, numa fronteira que já na altura era de ninguém. Curvas que não custam tanto quando sabes que vais encontrar uma placa a dizer "Portugal", mas que nunca mais terminam quando o caminho é o de ir embora e todos vão de lágrimas nos olhos.

Vem aí o mês de Agosto. Nem sempre viemos em Agosto. Na verdade, se pudéssemos, vínhamos em Janeiro ou em Maio. Setembro também seria uma boa altura, contando que qualquer mês é bom para abraçar aqueles de quem gostamos. 

Isto tudo para vos dizer que, apesar de já cá estarmos há 20 anos, há coisas que não mudam. Que quem muda de país se acostuma e cria raízes onde tiver que ser. Que quem anda com trouxas às costas vezes sem conta, se queixa vezes sem conta também, mas no final, não sabe estar de outra forma. Que essas pessoas não conseguem estar paradas no mesmo sítio e precisam de movimento, como do ar. São elas próprias feitas de ar...

Descobri que os meus antepassados atravessaram o Atlântico no século XIX, não uma vez, mas quatro e seis vezes (poderão ser mais), entre os Açores e o Continente e entre o Porto e Manaus, lá na outra ponta do Brasil, no coração da Amazónia. Talvez se tenha tornado uma questão de ADN e talvez não te encontres com ninguém ao acaso. A verdade é que ele também tem sede de sair e de conhecer, de escapar e por isso, não há outra forma de fazermos as coisas. Sempre que podemos, fugimos. 

Se não for para ir a Manaus, vamos ali ao lado...e se não for para passar um mês, é por um dia. O último foi passado na Póvoa de Lanhoso, numa praia fluvial que esconde umas cascatas maravilhosas...adivinhem lá como é que os genes da Jasmim respondem a dias de fuga!? 







 

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