quinta-feira, 30 de março de 2017

Princesas e labirintos.

Tínhamos 16 anos e quando olhava para ela, já sabia que seria a primeira a casar de nós as quatro. Também sabia que seria a primeira a ter filhos.
Sempre foi uma princesa, muito vaidosa, muito feminina. Uma princesa por fora e por dentro, delicada, amorosa. Quem disse que as princesas eram fracas, frágeis? Embora passem mais tempo a manusear bonecas e escovas de cabelo, também sabem usar uma espada com mestria se a vida lhes pedir bravura. Ainda mais, se forem do signo Leão.
Fico feliz que graças ao meu convite para sair naquela noite, tenha conhecido o seu príncipe. Sei que se conheceriam de qualquer forma, mas confesso que fico agradecida pelo Universo me ter escolhido como seu pião para dar início ao conto de fadas.
Um conto de fadas verdadeiro, onde há princesas, sapos, fadas e duendes, mas também cogumelos venenosos e ilusões feitas de labirintos, que só bem resolvidos conduzem a jardins suspensos no paraíso.
Como eu previa, foi também a primeira a engravidar. A caminho, tínhamos uma Deusa da Água, a Yara, a quem por muito pouco não conhecemos o sorriso, mas que no final da gravidez se transformou numa fada, que hoje, além de governar as águas do mundo, protege toda a sua família, não lá do alto, nos céus, mas bem junto a ela, nos corações de cada um. E nos nossos, também, que gostamos dela e não a esquecemos.
Meses depois a nossa princesa tinha de novo o sorriso no rosto e Amor no útero. E que Amor!!! A desejada Íris floresceu há mais de dois anos e é uma menina com a felicidade carimbada no olhar, traquino e amoroso, próprio de quem tem o coração sossegado. Espera agora a vinda do irmão que se vai chamar Nuno, como o tio, que mora no mesmo sítio que a Yara.
A princesa chama-se Fátima e há muito que já não é só uma princesa.
É a prova de que mesmo que o espelho mágico nos faça encarar a desilusão, somos nós que escolhemos o que queremos ser. Que ainda que o labirinto seja difícil de percorrer, podemos pintá-lo com pensamentos coloridos e que o amor, clarividente, nos leva sempre aos jardins dignos de contos de fadas, se escolhermos caminhar com ele.
Ela não é só uma princesa. É a história de encantar que contarei repetidamente à minha filha (ou talvez lhe peça a ela que o faça), para que não se esqueça que o amor, realmente, move montanhas. É o meu exemplo de coragem, de guerreira que não desiste de um legado de esperança no que é mais importante na vida.
Ela é a mulher gigante que consegue, ao mesmo tempo, carregar a Yara no coração, a Íris no colo e o Nuno na barriga, abraçada ao marido e com um sorriso na face.

Ela é a Raínha-Mãe deles e é a (minha) Raínha-Mãe.







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