segunda-feira, 27 de março de 2017

Pés na Terra, Cabeça na Lua

Ele nasceu no litoral da península, onde a fronteira se faz com o mar. Gosta de sol e tem a cor dele, âmbar…qual mouro. Gosta de sal no corpo e água quente do sul, onde rega sonhos desde bebé. Precisa de sol a aquecer-lhe as costelas mas persegue a neve, porque não lhe conhece os cinquenta tons de branco.
Como o lobo, corre na busca incessante da própria alma, trilha os montes e finalmente, sossega-a, com a visão da águia que plana os vales e vê em pleno. Precisa do sussurro das serras, do porte sereno da montanha e dos segredos que os bichos têm para lhe contar.

Ela vem do interior sudeste do hexágono, num berço de contornos montanhosos sublinhados a branco, verde e cinzento. Conhece as cinquenta texturas que a neve tem na palma da mão, os veados e os são bernardos, a mistura do sabor do queijo com batata e enchidos.
Precisa do ar próprio de quem é filha única, da liberdade para ser o que quiser ser enquanto anseia, ao mesmo tempo, o tango que precisa de dois para ser dançado. Ter quem partilhe com ela charadas, o sol de janeiro, a laranja doce do algarve e o secreto sabor do café, a costa algarvia acompanhada de um pastel de belém…de ir onde o ar a levar, desde que não seja sempre para o mesmo sítio, mas sempre com os mesmos.

Juntos, procuram o novo, o fora do quadrado e o fora da rotina. Entrelaçam as raízes e florescem a cada primavera, a cada estação, a cada fuga.





















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