Ele nasceu no litoral da península, onde a fronteira se faz
com o mar. Gosta de sol e tem a cor dele, âmbar…qual mouro. Gosta de sal no
corpo e água quente do sul, onde rega sonhos desde bebé. Precisa de sol a
aquecer-lhe as costelas mas persegue a neve, porque não lhe conhece os
cinquenta tons de branco.
Como o lobo, corre na busca incessante da própria alma,
trilha os montes e finalmente, sossega-a, com a visão da águia que plana os
vales e vê em pleno. Precisa do sussurro das serras, do porte sereno da
montanha e dos segredos que os bichos têm para lhe contar.
Ela vem do interior sudeste do hexágono, num berço de
contornos montanhosos sublinhados a branco, verde e cinzento. Conhece as
cinquenta texturas que a neve tem na palma da mão, os veados e os são
bernardos, a mistura do sabor do queijo com batata e enchidos.
Precisa do ar próprio de quem é filha única, da liberdade
para ser o que quiser ser enquanto anseia, ao mesmo tempo, o tango que precisa
de dois para ser dançado. Ter quem partilhe com ela charadas, o sol de janeiro,
a laranja doce do algarve e o secreto sabor do café, a costa algarvia
acompanhada de um pastel de belém…de ir onde o ar a levar, desde que não seja
sempre para o mesmo sítio, mas sempre com os mesmos.
Juntos, procuram o novo, o fora do quadrado e o fora da
rotina. Entrelaçam as raízes e florescem a cada primavera, a cada estação, a
cada fuga.
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